terça-feira, 26 de abril de 2016

Ser(á)

Agora recolho meus versos
Como a Dama da Noite
Que recolhe sua flor
Pra que a luz do Sol
Não a queime
E ela não mostre mais
Seu esplendor.

Para cada beleza há um tempo
Para cada fruto há um período
Seja dia, seja noite.
Seja outono, seja inverno.
Só não deixe de ser.
De crescer, de florescer.
Nem esconda seu brilho.

Se esconder é mais fácil que ser.
Mas seja ao menos para você
Ser para o mundo é não existir.
É ser um com a corrente.
Ir contra a maré é ser o que é.
O voo solo é perigoso.
Mas sem ele como voar?

Viver no quarto escuro.
Vendo o corredor iluminado.
Ver quem passa sem que me vejam.
Ser expectador da vida.
Com o controle na mão.
Muda de canal, mas a imagem é a mesma.
Ter controle não é viver.

Escolher entre as escolhas que nos dão.
Fácil impressão. Ah liberdade!
Vãs! Fúteis, sem alma, sem coração.
Escolhas fáceis levam à morte.
Escolhas difíceis à redenção.
Quisera eu um céu possuir
E nele habitar, para que o mundo cesse.
E eu finalmente possa cantar.

Cantar como as aves do céu e do mar.
Que nada tem e tudo possuem.
Livres para voar.
Livres para descobrir.
Livres para amar.
Livres para viver.
Livres, para morrer!